sábado, 21 de maio de 2011


Eu, como qualquer outra menina apaixonada em contos de fadas, tinha o tipo certo de pessoa pra me apaixonar.

O cara tinha que ter aquela típica ‘sujeirinha’, aquela barba por fazer e aquele jeito desencanado se ser, pronto pra não dar certo. Acho que é por isso que me encantava, eu sempre gostei de desafios e pra mim, ‘prender’ um cara desses era o meu maior desafio da adolescência.

No meu exercício de não fantasiar, fantasiava, fantasiava. Conseguia imaginar da primeira declaração ao ‘eu não te amo mais’. Assim, antes de conhecer qualquer carinha, já tinha minha novela mexicana programada.

Ai vi que não era bem assim, que amar poderia ser mais. Mais o que? Mais calmo? Mais comportado? Mais pornográfico?

Eu queria mais do amor, mas não sabia o que.

Nesse eu-não-sei-o-que-quero-do-amor, me perdi e perdi inúmeras pessoas especiais.

Engraçado, ou não, como a gente brinca de amar e nessa brincadeira tentei de tudo pra tapar esse vazio que ficava a cada nova partida, a cada novo ‘vamos terminar?’. Achava que amar era isso, tapar buracos. Você encontra alguém especial, que não está feliz, de preferência, vai lá...tapa a carência, o vazio dela e pronto. Cumpre teu papel no amor.

E amar também não era isso e nisso meu vazio ficava cada vez maior.

Tentei várias formas de amor, confesso. Tentei relacionamento sério, tentei ficar por ficar, tentei não me interessar, tentei me interessar, tentei pessoas interessantes, tentei...deus sabe como eu tentei. E nada.

Tentei amar homens, gays, mulheres e travestis. Tentei me amar, tentei parar de amar. Tentei mudar o significado do amor, tentei entender o amor e até como evita-lo. E de novo, nada.

No fim, ou no fundo, eu sabia que era o amor que queria mais de mim. Mais entrega, mais dedicação e menos vergonha talvez. Eu tinha vergonha de admitir que toda aquela babaquice que o amor provocava me encantava demais. Vergonha de admitir que o que importava não era o sexo da pessoa mais sim a intensidade de um ‘Bom dia, amor’ que ela me falava sorrindo, mesmo que eu estivesse parecendo o Rei-leão-de-ressaca, que o que importava não era a duração da relação, mas sim o quanto sincera foi. Eu demorei pra entender a diferença, a sutil diferença entre sentir ciúmes e acorrentar uma alma. Demorei, e como demorei, pra entender que o amor está nos olhos e não na cor da pele ou na quantidade de zeros da conta bancária. Que o que importava não era a música ou a ideologia que ele segue, mas no respeito que ele tem por você.

Precisei perder pra dar valor a declarações de amor sem sentido, pra me dar a liberdade de cantar pra alguém no chuveiro ou simplesmente deixar a perna formigar para que o outro durma em paz no teu colo.

Precisei amar pra enxergar que não há vergonha nenhuma em admitir que no fim o que todos desejam é dançar ao som daquelas músicas melosas, é escrever cartas de amor ridículas e sonhar.

Hoje, eu confesso, não quero alguém pra dividir um conto de fadas, quero alguém pra dividir a realidade, pra dividir a cama, a bacia de pipoca e um sonho qualquer no final do dia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário