
Fico tonta ao olhar pro céu e ver que tudo segue menos eu. Ou pior, nada vai parar pra que concerte essa ferida que não me deixa seguir, ou entrar na roda. Na roda onde todos são objetos úteis, e eu seria? Eu seria objeto? Eu seria útil? Não, eu não seria. Para ser útil eu seria obrigada a ser feliz não sendo e isso eu não sei, nem na base da obrigação. Meu rosto simplesmente acompanha a face invisível do meu coração e torna claro aquilo que tanto desejei esconder: Que estou só.
E estar só é aceitar que talvez eu não faça parte dessa roda, ou não queira, ou só não faço. E aceitar que as pessoas vão continuar acreditando que são felizes na roda e você acreditando que não sabe o que é a felicidade. No fim, mesmo não estando na roda, eu estou como eles, acreditando, me iludindo que minha escolha é a certa, afinal só assim eu conseguirei... Eu conseguirei?
A roda me deixa tonta minha visão e meus pensamentos embaçados. Não sei só o que vejo, mas também não sei o que quero ou o que penso, ou o que sou.
Não estar na roda não significa não fazer parte dela. Eu só não estou lá, sentada com os braços pro céu esperando ela me guiar, ela decidir por mim a velocidade e o destino. Mas estou aqui fora, parada, olhando pra cima. De qualquer forma ela me toca não me controla, mas me toca. E o fato de aceitar esse toca é aceitar que ela de alguma forma me controle. Então qual é a diferença de estar dentro ou não? Talvez a altura? O sorriso?
Só queria entender os sorrisos estáticos de quem na roda está. Seria medo? Seria felicidade? Seria nada? Seria? Seria... Será que a roda proporciona tanto prazer assim, a ponto de congelar um momento, um sentimento, um ser, um humano? A pergunta não é essa. Não. Não é. Seria eu capaz de viver de algo congelado?
Meu corpo de calor carece. Calor humano, calor do sol que já não tem a mesma força há muito tempo, calor próprio, calor comprado, alugado, mas que seja calor... É disso que preciso.
Não pertenço à roda gigante, mas não tem nada aqui em baixo, ninguém, nenhuma vida, talvez nem a minha. A quem, ou a que eu pertenço então? A mim? Ao nada? Quem sabe pertenço ao meu desejo de ir além...
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