Encarar a folha em branco e não escrever, ou não ter o que escrever. É isso o que anda acontecendo.
Acho que é isso que acontece quando alguém de peixes volta para o casulo: silêncio.
Não tenho mais grandes dramas, espetáculos diários sobre o que poderia ser e não foi e muito menos vontade de pedir demissão dessa vida, entende?
Estou deixando que as coisas me levem, agora pra onde elas estão me levando eu não faço idéia. Confesso que não gosto dessa situação de ''deixa estar'', sou mais apaixonada pelas minhas novelas mexicanas e meus amores intensos, gosto dos extremos, mas também me canso. E me cansei.
Antes estava sempre em estado de alerta, agora só penso em dormir mais uma hora pra que o dia termine logo. Arrumo minha casa com a tranquilidade e a velocidade de um monge budista. Como devagar, caminho devagar e antes mesmo de pensar em falar algo já desisti...por pura preguiça talvez. Mas sabe quando você simplesmente se cansa de falar para o vento? Sempre tive a sensação de que ninguém me escutava.
Ok, ok...isso pode ser carência, egocêntrismo e blablabla. Mas vamos parar com as analises por aqui. O fato é que todo mundo que fala algo, fala para alguém e ponto.
O cúmulo da hipocrisia é tentar articular que o ser humano faz algo sem pensar na troca. E nem me venham com esse lance de 'mãe e filhinho' e toda essa história de família feliz. A mãe diz que educa, ensina, dar amor sem pensar na troca, mas deixa o filho não valorizar isso, deixa...ela vira uma fera, fica triste e tal. Sim, até as mães pensam na troca, afinal...antes de ser mãe é um ser humano e uma mulher, ou seja, um poço de sentimento, pelo menos a maioria.
Mas porque diabos estou falando de troca e mãe e filho mesmo?
É essa troca que me faz falta, esse companheirismo a moda antiga. Eu sou antiga.
Valorizo ainda o toque, o mão-com-mão, o olhar tímido, o 'obrigado' no fim de uma noite boa e esses sonhos banais que nunca vamos abandonar.
Essa mania de inventar amores e contos de fadas eu não perco, mas me dou o direito de deixar de lado por hoje.
Sonhar é carregar o mundo nas costas.
Eu não quero o sonho. Eu quero colo.
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