Divã

Confesso, eu não sou louca. Tão pouco séria ou equilibrada. Não, eu não sou nada disso.

Confesso, não li metade dos livros que tenho em casa, não entendi metade dos filmes que vi e não entendo de música.

Sou tímida, minhas gargalhadas estridentes e minhas piadas com meu nariz é só um disfarce, eu sou tímida.

Ah, também sou delicada, gosto de receber carinhos inesperados, companhias agradáveis e detesto solidão. Também sou sensível pra caralho, choro durante e depois de filmes patéticos de romances que nunca aconteceriam de fato, esses romances impossíveis que eu insisto em acreditar.

Confesso, não sou persistente. Desisto fácil, mais muito fácil. Não sei brincar com o tempo, não sei esperar, não sei fazer charme e não sou organizada.

Tenho medos e alguns chegam a me deixar paralisada. Sou fraca.

Sou inocente, espero ainda um milagre do ‘amor-a-primeira-vista’.

Sou criança, aquela criança que comia massinha amarela no pré-escolar e que tinha medo de escorredor, esse é um dos medos que confesso não ter superado, como o medo de piscina ou do mar.

Confesso, não sei porra nenhuma. Não tenho idéia de nada, opinião sobre nada, não sei o que se passa nos jornais, não vejo tv e não tenho paciência pra política e tuas merdas.

Não sei falar bonito, palavrão é meu segundo nome. Sou detalhista, mas peco ao esconder meus sentimentos, deixo escapar por um simples brilho no olhar.

E sou clichê, por estar aqui, por estar confessando e por no fim desejar só alguém que leia isso e diga: Você não está sozinha, Stella.