quarta-feira, 7 de julho de 2010

Silêncio na casa do delírio!


Silêncio total na casa do delírio. Nenhum ruído, nenhuma voz, nenhum cochicho... Nada, nenhum som, nem o da minha voz cansada de questionar. Até o delírio teria se cansado de mim? Os móveis teriam sido consumidos pela minha preguiça? Eu seria a praga da casa do delírio? Teria alguma praga, tomado conta do meu corpo?

Esse silêncio nessa casa antes tão movimentada me assusta e tem cheiro de fim. É como uma prazerosa morte, um descanso de toda merda que é estar vivo e estar vivo é sentir dor. E digo: como isso me dói.

Os móveis se escondem quando sentem minha aproximação, quando sentem o cheiro do meu sangue infectado, do meu sangue podre. E cansada arrasto minha carcaça pela casa tentando encontrar algum buraco seguro para me enterrar, para dar um fim nesses questionamentos, nesses patéticos medos e nesse sonho reprimido de final feliz. Estaria eu morta? Não, acho que não. Na verdade tenho a sensação que nem cheguei a viver ainda.

A casa do delírio não reage aos meus pensamentos, o delírio não ri dos meus medos impregnados nas entrelinhas da minha carne e eu me sinto só, ou talvez isso seja resultado do meu sentimento egocêntrico, da minha fome de companhia, de proteção, de colo, de carência.

Agora tomei o lugar do delírio, e não consegui segurar uma risada seca e sonsa. Como sou carente e frágil. Sou como todos os seres humanos que critico que tenho nojo.

A casa do delírio me incomoda justamente por ela não querer me incomodar. A casa se cansou da minha presença. O delírio desistiu de mim.

Deveria eu pedir penico na casa da ilusão? Ou deveria ficar e convencer o delírio que eu sou uma boa aposta, uma boa companhia?

Nem eu acredito nisso, como vou convencer ele? Quem me convenceria disso? Eu?

Eu deveria implorar?

O pior é que sei que nada disso resolve. O delírio não tem obrigações comigo só porque me encantei por ele.

E assim vou embora, sem sentimento, sem volta, sem delírio... Sem nada.

Mas dane-se, comigo sempre foi tudo ao contrário mesmo.

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